quarta-feira, dezembro 03, 2008

A maioria não está preparada para a arte contemporânea



Entrevista com Gérard Xuriguera, comissário internacional do Simpósios de Escultura de Santo Tirso

Qual o critério seguido para as escolhas dos escultores?
A diversidade de estilos. A diversidade de estilos porque a repetição cansa. Temos que ter em conta que o espectador não vê a mesma a obra sempre, por isso, e de um ponto de vista estético, sociológico, artístico são diferentes. Todos têm um conceito e uma forma diferentes e, para além disso, que seja grandes profissionais e alguns são mesmo famosos mundialmente.

Pensa que as pessoas não estão muito preparadas para a arte contemporânea?
Noventa por cento das pessoas no mundo não estão preparadas para a arte contemporânea. A arte implica ter-se visão e esta prepara-se durante toda a vida e as pessoas não têm tempo. E para a maioria o que importa é que esta ou aquela pintura valha muito dinheiro.
A arte é como o chinês, aprende-se e também se sente. Depois, há também que ter critérios. Os meus critérios passam muito pela amizade. Eu faço muitas coisas no mundo da arte. [Sou comissário de] 25 parques de escultura, por exemplo, não apenas em Santo Tirso. E há muitos artistas que me seguem e quando lhes peço para fazerem uma escultura para Santo Tirso por três mil euros eles fazem-na sem problemas, pois sabem que outros poderão cobrar 50 mil ou 100 mil. É isto a amizade. E depois, claro, que sejam bons artistas. E a maior parte são famosos, mesmo. E eu fico feliz que confiem em mim, que venham a Santo Tirso, façam uma escultura e que se entreguem a ela, e que saiam daqui contentes.

Qual é a sua opinião sobre os artistas portugueses?
Alberto Carneiro para além de ser um homem muito sério é um artista de primeira água, seguramente e também um grande organizador. Depois, gosto muito do Cabrita Reis, apesar dos problemas com a sua obra, mas é uma figura europeia. Gosto também da Fernanda Fragateiro, a sua obra é um pouco conceptual, mas os jovens são conceptuais. E a de Ângela Ferreira é uma obra divertida, tem sentido, movimento, é lúdica. E depois temos, Rui Chafes, Pedro Croft…. são bons artistas e estão presentes em muitos certames internacionais. A escultura em Portugal vai bem. Não é um país grande mas tem escultores excelentes.

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