“Já no largo Oceano, navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando.”
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando.”
Já pelo largo (anfiteatro da Rabada) e pelo palco principal tinham passado várias bandas, que as quietas ondas do rio separava, numa noite em que, de facto, “os ventos brandamente respiravam” e, não as velas, mas as gargantas se iam inchando de cerveja eis que há a plena sensação que vale a pena começar esta narrativa pelo meio, in media res.
É que a primeira noite do Festival ST Culterra foi completamente eclipsada pela combustão acelerada e magnética dos incontornáveis Mão Morta. Pode não se gostar, não se conhecer, gostar muito, gostar pouco, mas é verdadeiramente impossível ignorar Adolfo Luxúria Canibal que, com quase 50 anos, continua a “rock and rollar” como um mancebo imberbe que está sempre pronto para uma traquinice e uma pirataria qualquer.
A banda bracarense, não foi esquisita, foi generosa. Deu ao público o que o público queria ouvir. Quando subiu ao palco para tocar para cerca de cinco mil pessoas, rasgaram as convenções e “bombaram” logo a abrir o super hit “Budapeste”, de resto, cantado em uníssono pelo público que mostrou trazer a lição bem estudada. “Esta música é para aquela miúda bonita ali” dedicou Adolfo Luxúria Canibal o segundo tema da noite enquanto apontava para uma pessoa da plateia. Seguiu-se um sonante aplauso, assobios e o típico “yaeaaahhhhh”.
Depois… bem depois foi uma contestante troca de piropos entre o público e o cantor, enquanto a banda cumpria, na perfeição, as melodias que embalam as peculiares letras dos Mão Morta. No final, entre as pessoas que durante quase duas horas de concerto e depois de um encore dançaram e aplaudiram como se não houvesse amanhã, ouvia-se um concreto e bem explícito “Foi um concerto do c***lho!”, que resume tudo muito melhor que as palavras acima escritas.
Sem comentários:
Enviar um comentário