quinta-feira, março 13, 2008

Testemunho a Manuel Martins Ferreira



Nesta hora, junto a melancolia causada pela lembrança de um bem de que cuja utilização estamos privados, o Cine-Aves, à mágoa sentida pelo desaparecimento do seu proprietário, o Sr. Manuel Martins Ferreira. O seu recente falecimento motivou-me a redigir uma simples e sincera prova de admiração pelo empenho que dedicou na esfera da comunicação, cultura, informação e entretenimento.

Depois de na década de oitenta ter adquirido o Cine-Aves, investiu na sua modernização e conferiu-lhe uma polivalência, muito além da cinematografia. A partir de 8 de Novembro de 1986, o edifício do Cine-Aves ganhava mais uma valência. Nessa data arrancavam as emissões regulares da Rádio Aves, a partir de um espaço cedido especialmente para o efeito que, pouco tempo depois, conjuntamente com um grupo de outros “mecenas”, modernizavam instalações e equipamentos, dignos das melhores rádios locais daquela época. Nesse inesquecível período, eu e muitos outros jovens daquela era, desenvolvemos o gosto pela comunicação, informação e entretenimento, sempre muito carinhosamente apoiados pela convicção contagiante e motivadora de Manuel Martins Ferreira.

Durante mais de duas décadas partilhou e desenvolveu, entre outras actividades profissionais, uma ligação muito forte com a informação. Cedeu o espaço do cinema, não raras vezes, gratuitamente, para que associações e entidades colectivas locais promovessem debates, colóquios, sessões de esclarecimento, festas de natal, etc. Ao reconhecer o papel do Cine-Aves, que muito nos beneficiou, estou convicto que exprimo o sentimento de muitos avenses, população de localidades vizinhas, escolas, instituições públicas, culturais e recreativas, etc. Manuel Martins Ferreira, sempre demonstrou receptividade para que o Cine-Aves estivesse aberto à comunidade, muito para além do seu fim específico, suprindo as lacunas da terra quanto à falta de espaços para comunicação, cultura, informação, espectáculo e debate público. Bem-haja.


Texto de: José Manuel Machado

4 comentários:

Maria Leite disse...

Também testemunho que o Sr. Manuel Martins Ferreira sempre esteve receptivo para que o cine-aves estivesse ao dispor da comunidade suprindo as lacunas da localidade quanto à falta de espaços para debate público, informação e cultura.

ml

Manuel Coelho disse...

"Tudo o Tempo nos Levou"
Mais de vinte anos depois, continua a não existir uma rádio em Vila das Aves.
O Cimema está encerrado.
O Sr. Manuel Martins Ferreira também já não está entre nós.
O Centro Cultural não tem a prometida capacidade
multidisciplinar e não é independente.
É urgente dar vida ao Cine-Aves.
Em colaboração com os herdeiros não se arranjará um modelo para lhe dar vida, comtemplando actividade lúdica e outras iniciativas abertas à comunidade para além do fim específico para o qual o edifício foi concebido?
Estou convicto que pode tornar a ser possível.
Avenses e cidadãos das localidades vizinhas ajudemos com sugestões e propostas de dinâmica para este emblemático e reconhecido edifício.

Vitor M. disse...

É um facto que na Vila das Aves se "investe" no "parecer" mais do que no "ser". Temos um elefante branco apelidado de Centro Cultural, que mais não é que um bebedouro para os "boys" do ps (aka partido socialista dos pikininhos) saciar a sua sede salarial. Claro que o resultado é uma dedicação ao partido como se do III Reich se tratasse.

Que pena tenho do Cinema das Aves não ser o mesmo local onde as novidades eram apresentadas, longas e curtas metragens faziam as delicias de novos e velhos.

Há quem diga que o Centro Cultural também delicia agora alguns "novos", orgias psicadélicas em reuniões secretas.

Haja quem lembre estes homens que dedicaram a vida a servir a Vila das Aves.

Celso Campos disse...

Manuel Martins Ferreira deixa, de facto, saudade, pois defendeu a Cultura na vila à sua maneira. Manteve o Cine-Aves quando ele já só dava prejuízo. Aguentou até ao limite. Acredito que terá perdido muito dinheiro nesse esforço, mas acabou por ser 'obrigado' a encerrar a sala de espectáculos.
Também ajudei ao fim do Cine-Aves, tenho que reconhecer, pois passei a ir ao cinema onde havia mais conforto, melhor imagem e melhor som. Faço aqui o meu 'mea culpa'.
Fica o reconhecimento pela personalidade que foi Manuel Martins Ferreira.
Quanto ao futuro do Cine-Aves temo por ele. Tal como aconteceu noutras cidades, a sala está desajustada com a realidade e tem agora a concorrência do melhor dimensionado centro cultural. Não estranhem se dentro de alguns anos ele venha a ser demolido para construção de mais um prédio para comércio e habitação. É pena, mas as coisas são mesmo assim.