domingo, março 08, 2009

Na aldeia também há gays




Na maior parte das vezes, é-se levado a associar os gays e as lésbicas às grandes metrópoles e às grandes capitais como o Porto e Lisboa são exemplo, no caso nacional, esquecendo-se que nas aldeias e vilas mais ou menos pequenas e obsoletas existem homossexuais iguais a todos aqueles que se movem nas grandes cidades, mas num contexto mais fechado, mais improvável, mais inadaptado a uma diferença que se dilui mais facialmente num ambiente urbano.

Nestes lugares os gays têm que pensar não só na família, mas também na família da família, nos vizinhos que os conhecem desde pequenos, têm, no fundo, que viver em segredo. Lidam com os preconceitos, com as frustrações, com os amores e desamores escondidos e pouco passíveis de serem partilhados; têm que disfarçar desejos, os mais improváveis engates e tantas outras coisas que são inerentes a uma só afirmação: sou gay.

“Não minto, mas omito. E omitir a minha homossexualidade é omitir possíveis namorados, é omitir todas as questões que tenham a ver com o assunto, é, no fundo, anular essa parte da minha existência perante os que me são mais próximos”. Revela Mário (nome fictício), estudante de 25 anos.
[TEXTO: CATARINA SOUTINHO. ILUSTRAÇÃO: ANDRÉ MARQUES]

Reportagem no próximo número do Entre Margens, nas bancas a 11 de Março de 2009

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