Beijo: ósculo, toque de lábios em pessoa ou coisa, diz o dicionário. Beijo: o momento mais aguardado dos filmes românticos. Beijo: primeiro despertador da libido, sinal mais que absoluto de amor.
Pode ser ardente, pode ser tímido, pode ser na cara, na mão, no corpo, na boca e onde a imaginação nos levar. Pode ser dado, roubado, escondido, oferecido, enviado. Pode ser trocado em linguagem sms, por asteriscos: “até amanhã ********”; pode ser abreviado “até amanhã bjs”. Tem variações conforme o emissor e o recetor: beijinhos, beijocas, beijo, beijolas, kisses… Beijo, simplesmente beijo.
Mas é inegável que hoje o beijo está desvalorizado. Antigamente, pelo contrário, era sobrevalorizado, era uma espécie de meio caminho para o altar. Quase sempre roubado, quase sempre escondido, quase sempre disfarçado por uma ida à missa ou ao terço. “Ele roubou-me um beijo à segunda tentativa, na primeira não deixei. Tinha 16 anos, casei-me com vinte e já fiz 50 anos de casada.” Leia-se que tudo isto se passou com o primeiro e único namorado desta senhora, reformada e que prefere manter o anonimato, porque estas coisas ainda são muito íntimas. Mesmo há distância de mais de 50 anos, a nossa entrevistada lembra-se bem onde foi o primeiro beijo: “Foi na rua da Senhora da Conceição. Agora é uma rua muito bonita mas antigamente passava lá pouca gente.” Outra reformada, com quem o Entre Margens falou, e que também prefere manter o anonimato, relata-nos o longo namoro sem beijos. “Já namorava há cinco anos quando dei o primeiro beijo, um pouco antes de me casar, tinha eu já 24 anos.” Cinco anos sem um beijito, sequer? “Sim, o namoro era a conversar, às vezes havia um encostozito quando estava a chover, mas ficava por aí (risos).”
E hoje? Hoje beijar faz parte do desenvolvimento normal dos adolescentes, das descobertas. Hoje os jovens estão mais libertos e desprovidos de preconceitos. Antigamente namorava-se à porta de casa sob o olhar atento de alguém adulto, agora curte-se à porta do Cubo das Artes, na estação de comboios ou onde a oportunidade se afigura. Agora é tempo de amizades coloridas, curtir o momento, aproveitá-lo, ser feliz da maneira que se ache melhor. Hormonas, muitas hormonas a assumir o comando da “nave”.
E por isso, e para quem ainda não sabe quais os melhores sítios para dar uns beijos, procuramos saber quais os seis melhores lugares em Vila das Aves para o fazer.
Destacado de todos os outros lugares surge um lugar clássico em qualquer localidade: o parque do campo de futebol, neste caso do Clube Desportivo das Aves. Depois surgem lugares específicos como a nova urbanização localizada junto das antigas Confeções Pacheco, o Amieiro Galego, na praceta, Centro Comercial York e na estação de comboios de Vila das Aves (em frente à redação do Entre Margens).
Mas para os mais novos fica a perceção de quem já anda neste mundo há mais tempo. “Agora escandalizo-me. Já não sou inocente, mas penso que no meu tempo, a mocidade era mais discreta, não dava tanto nas vistas”, explica uma das nossas entrevistadas. Mais: “agora alguns ainda são crianças e já andam agarrados, às vezes até tenho vergonha de passar por eles.” E com beijos há sempre outras temáticas a eles inerentes: “já ouvi raparigas a fazer pouco de outras por serem virgens, como se fosse uma vergonha ser.”
A verdade é que aqui só quisemos saber de beijos. E por amor, por curiosidade, por desporto ou simplesmente por descoberta toda a gente gosta de beijos e às escondidas, convenhamos, que ainda sabem melhor.
Raro é haver pessoas que nunca foram beijadas, como uma reformada de apenas 60 anos que nos afirma que nunca teve um namorado, e por conseguinte nunca foi beijada. “Agora já não tenho idade”, confessa-nos com um sorriso envergonhado. Há sempre tempo para se dar o primeiro beijo. E lugares, ficamos a saber, são como os chapéus, há muitos. Só faltam os pretendentes. Há por aí algum?
texto: Catarina Soutinho
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