segunda-feira, maio 09, 2011

Ninguém disponível para liderar o Clube Desportivo das Aves


Ninguém se apresentou disponível para liderar os destinos do Clube Desportivo das Aves na Assembleia Geral do passado 29 de abril. Narciso Oliveira marcou nova reunião magana para 20 de maio, esperando que apareça, até lá, alguém disponível para suceder à Comissão Administrativa demissionária.

Perante cerca de 60 sócios reunidos na sala de imprensa do estádio, o presidente da Assembleia Geral iniciou os trabalhos revelando que depois da apresentação da demissão da atual Comissão Administrativa (CA) contactou várias pessoas no sentido de encontrar uma solução diretiva, mas “ninguém se mostrou disponível”, lamentou Narciso Oliveira.

Os elementos que compõem a direção da CA, presidida por Armando Silva, reiteraram a intenção de não se recandidatarem, argumentando com o “desgaste pessoal e profissional”, resultado de estarem ligados à gestão do clube durante os últimos anos. A propósito, Armando Silva insistiu que “há mais gente nas Aves com credibilidade para gerir o clube”. Vincaram ainda que a demissão foi apresentada “com caráter positivo”, no sentido de garantir atempadamente a constituição de uma alternativa para preparar a próxima época desportiva.

Armando Silva, João Freitas, Joaquim Pereira e Artur Marques garantiram que se mantém em funções até final deste mês, deixando o clube “sem passivo” e com todos os compromissos “saldados”.

O responsável financeiro explicou que a demissão já estava decidida e “nada teve a ver com os resultados desportivos” que nessa altura praticamente afastaram o Aves do sonho da subida. João Freitas vincou que a gestão de um clube no futebol profissional “é cada vez mais exigente e não pode ser feita em part-time”. Deixou ainda o desabafo que são as “questões laterais ao futebol que mais desgaste tem produzido” na CA, lembrando que foi “desolador apresentar as contas do clube perante apenas 4 associados”, preferindo-se questionar-se a gestão noutros locais.

Por seu lado, Joaquim Pereira, nos órgãos dirigentes do clube desde 1989, vincou que era gerada mais receita, face às despesas, nos anos 90 do que atualmente, ou seja, “manter o Aves e honrar os seus compromissos é, hoje, uma obra de arte”. Todos os dirigentes, incluindo Artur Marques, vincaram o trabalho feito, nomeadamente, no património invejável do clube, “muito dificil de manter”.

António Freitas inflamado

A Assembleia Geral ficou sem dúvida marcada pelas várias intervenções feitas pelo presidente honorário, António Freitas, pai de João Freitas, e principal patrocinador do clube, através da empresa “Transportes Freitas”.
“Fui louco e sou louco pelo Aves”, afirmou, referindo-se ao investimento que tem feito no clube na última década, garantindo que nenhum clube do futebol profissional tem um patrocinador como o Aves, à exceção dos três grandes, de Braga e Guimarães. Emocionado, António Freitas diz que continuará a apoiar o clube, mas pondera deixar de apoiar o futebol profissional. “Mantenho o apoio às camadas jovens”, vincou.

Afirmou-se “magoado e triste” pela situação do clube e por não ver as pessoas influentes da vila presentes neste momento da vida do Aves.

Criticou o facto de uma empresa, do ramo da construção, ter posto o clube em tribunal e vincou que os sócios “não têm culpa de nada. Pagam as cotas e veem os jogos”. Polémico, disse que o Aves “não tem capacidade para estar no futebol profissional a não ser com mecenas”, nomeadamente devido ao património que possui e que lhe traz “muitos custos fixos dificeis de suportar”.

Estas considerações motivaram também o comentário do presidente da Assembleia Geral. Narciso Oliveira diz que Freitas “tocou num ponto sensível que passa por uma mudança estratégica do Aves: investir mais nas camadas jovens, mas redefinir o futebol sénior antes que o clube acabe falido como outros”.

Já na reta final da reunião magna e com nova Assembleia Geral em perspetiva, António Freitas garantiu que “se na próxima estiver o mesmo número de sócios, saio de imediato”, exortando à presença massiva dos associados, sugerindo até que a reunião se faça no pavilhão do clube. “Os sócios devem fazer perguntas, pedir esclarecimentos para evitar especulações e mentiras”, vincou.

No encerramento dos trabalhos, Narciso Oliveira deixou esse apelo à comparência massiva dos sócios na Assembleia Geral de 20 de maio, em local ainda a definir, adiantando que vai desenvolver esforços para convencer alguém a assumir os destinos do Aves.

Texto: Celso Campos

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