A sessão de abertura do 36º Encontro Nacional de Associações de Pais, veio reforçar aquilo que dias antes tinha sido dito aquando da inauguração das obras de requalificação da Escola Secundária Tomaz Pelayo.
Castro Fernandes, presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso e Isabel Alçada ministra da Educação demissionária voltaram a falar dos investimentos feitos em Santo Tirso, no âmbito da Educação. “Este é um concelho onde a educação tem tido um desenvolvimento muito grande”, começou por relembrar Isabel Alçada. Em causa estão as obras de requalificação da Escola Secundária de Tomaz Pelayo, da Escola Secundária D. Dinis, bem como a construção dos novos Centro Escolares. “É bom que os pais conheçam estas coisas”, afirmou Castro Fernandes que deu conta das boas relações que a Câmara mantém com as associações de pais das escolas do concelho. Uma relação importante, de resto, para processos como a da avaliação de professores. Esta, referiu o autarca “envolve não só pais e alunos, mas também a autarquia e é uma questão que pode ser fraturante, mas temos de dar um passo em frente para haver mais qualidade”, concluiu.
Numa vertente mais direcionada para o teor do encontro Isabel Alçada, lembrou que é preciso “estimular a participação dos pais” e que a abertura das escolas aos encarregados de educação “tem sido determinante nos resultados obtidos”. E com esta premissa, a ministra lembrou que “a mudança na escola faz-se por ação direta dos docentes e também com o enquadramento dos pais”.
E com isto Isabel Alçada alicerçou, mais uma vez, um terceiro fator a juntar aos docentes e aos pais, nomeadamente as infraestruturas: “é preciso reforçar os investimentos na educação” e qualificar as escolas de forma que estejam adaptadas ao “século XXI”. Em forma de conclusão voltou a usar o chavão usado no 25 de abril: “não é possível educar para a cidadania em espaços degradados”.
Já o presidente da Confap, Albino Almeida foi quem mais se debruçou na temática do encontro, e fez um preâmbulo do que se passaria durante a tarde. E como no centro do encontro estava a Escola da Ponte, o contrato de autonomia e o seu modelo de ensino, o presidente da Confap sublinhou só uma “escola com autonomia será capaz de responder aos desafios dos tempos.”
Resta referir que a sessão de abertura trouxe os alunos da Escola da Ponte até ao palco para cantar, em jeito de boas vindas aos convidados, e coube a Inês Tavares, aluna e presidente da assembleia de alunos da Escola da Ponte, presidir a mesa inaugural do 36º Encontro Nacional das Associações de Pais que este ano escolheu a Vila das Aves para se reunir.
O Contrato de Autonomia assinado em 2005 pela Escola da Ponte e o Ministério da Educação resultou de “um acaso histórico”. É pelo menos esta a convicção de Rodrigo Queiroz e Melo, professor da Universidade Católica e antigo chefe de gabinete da então ministra da educação Maria do Carmo Félix Seabra, do governo de Pedro Santana Lopes, e com o qual a referida escola assinou o contrato de autonomia.
Texto: Catarina Soutinho
"Acaso histórico" ditou contrato de autonomia da Escola da Ponte
O também diretor Executivo da Associação de Estabelecimentos de Ensino Particular e Cooperativo afirmou ainda que há data os responsáveis da Escola da Ponte “chatearem o suficiente o presidente da Confap que por sua vez conseguiu chatear os membros do governo” que, estando de saída, conseguiram, ainda assim, celebrar o referido contrato de autonomia com a Escola da Ponte. Queiroz e Melo, contudo, não lamenta o contrato feito, muito pelo contrário, lamenta antes que não se façam mais, e por uma razão muito simples, “medo”. Medo de se perder o controlo das escolas.
Foi de resto por aí, de forma irónica quanto baste, que Queiroz e Melo começou a sua intervenção quando leu algumas diretivas emanada dos organismos centrais e regionais da Educação sobre a necessidade das associações de pais fazerem a poda das árvores dos recintos escolares ou das reuniões que os conselhos diretivos têm de realizar. Tudo isto para dizer que a “autonomia das escolas requer uma liberdade de gestão que retira legitimidade aos organismos regionais e centrais”.
O antigo responsável político defendeu ainda que a Escola da Ponte não é solução para o país, é antes a solução encontrada “por esta comunidade”, não sendo, por isso, “transponível” para outro contexto. E disse também que “juridicamente, a Ponte até pode ser do Estado mas, de facto, a Escola da Ponte é particular, é ensino particular”. Isabel Soares, diretora do Colégio Moderno – esse, particular, de facto – falou depois dos valores que norteiam o trabalho desenvolvido no estabelecimento escolar de que é responsável, frequentado por 1800 alunos. “A nossa luta é por ensino livre e autónomo e por um ensino de exigência”, destacou Isabel Soares que defendeu ainda que a escola deve ser o contrário da cultura do ‘zapping’. “Se a cultura dominante é a do imediatismo, transversal a toda a sociedade, a escola deve ser o contrário disso”. Eugénia Tavares, gestora da Escola da Ponte gostou do que ouviu, e pediu o discurso a Isabel Soares pois, no seu entender, mesmo não estando a falar do projeto educativo da Ponte, o essencial, afirmou, é comum.
No final do encontro, Albino Almeida voltaria a usar da palavra, defendendo a cultura dos afetos, e a educação no sentido de uma cidadania pró-ativa, de que é exemplo a Escola da Ponte.
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