segunda-feira, julho 18, 2011

Hot Pink Abuse: do laboratório para o palco do ST Culterra

A editar lá mais para o final do ano, o segundo disco dos Hot Pink Abuse ainda não tem título, mas o público do ST Culterra poderá em breve dizer de sua justiça sobre o que mudou - ou não – desde “Nowadays” (o primeiro disco da banda, publicado em 2009) pois alguns dos doze temas que farão parte desse álbum, integrarão o alinhamento do concerto de 23 de julho, no Parque Urbano da Rabada.

Quem assistiu ao concerto da banda realizado em 2008 no âmbito do mesmo festival vai desde logo notar mudanças no núcleo duro dos Hot Pink Abuse, decorrentes da saída de Miss Tish. Entregues às ‘máquinas’ continuam Vítor Moreira e Geraldo Eanes, mas a voz fica agora por conta de Rebecca Moradalizadeh que se fez ouvir, no mesmo festival, já lá vão dois anos, mas enquanto elemento dos Melting Pot. Em palco, o grupo deverá ainda contar com Ricardo Neto na bateria digital. Bateria esta que constitui uma das principais novidades trazidas com a gravação do segundo disco, em que nem tudo fica, assim, por conta dos computadores, segundo dá conta ao Entre Margens Geraldo Eanes.

Mas sobre o sucessor de Nowadays há mais a dizer, ainda que por vezes o contributo dos músicos na definição do mesmo não ajude muito. “Somos nós num momento diferente”, refere por exemplo Vítor Moreira que, por outro lado, dá conta que será um disco “mais dançante”, ou, por outras palavras “mais corpo”. Geraldo Eanes fala, por sua vez, numa maior aproximação ao formato canção.

Seja como for, o disco vai tomando forma à custa de um verdadeiro trabalho de laboratório, e beneficiando em muitas da potencialidades da tecnologia. Este começa por ser trabalhado individualmente, cada um em sua casa. Depois, já no processo de composição trabalham-se em conjunto os sons e todo o material pensado previamente pelos músicos. Rebecca, a partir de Inglaterra onde estuda artes plásticas, vai contribuindo à distância para este corpo e, na realidade, a sua chegada aos Hot Pink Abuse até tem alterado a forma como muitas vezes o processo se desenvolve. “No primeiro disco a musica vinha primeiro e só depois trabalhávamos a voz e as letras, neste, muitas das vezes, o processo acontece de forma inversa”, refere Vítor Moreira. No próximo disco, há também que contar com a participação de Cristóvão Coelho que, a viver em Paris, gravou ali o que lhe competia, ou seja, as guitarras elétricas, trabalhadas depois em Vila das Aves.

A transposição do que se ouve em disco para o palco é que nem sempre é fácil e em muitos casos os condicionalismos decorrem dos próprios espaços. “A preparação para os concertos ao vivo é um trabalho muito complexo porque, no fundo, o que se vê em cima do palco é o estúdio. E até pode estar, em termos físicos, reduzido, mas em termos de material sonoro está lá tudo”, explica Vítor Moreira.

No ST Culterra, Rebecca volta a subir ao palco, agora não nos Melting Pot mas nos Hot Pink Abuse. “Vai ser uma coisa engraçada e confusa ao mesmo tempo, mas acho que vai ser uma experiência muito boa”, diz a vocalista e letrista do grupo que depois de uma experiência no universo do pop rock se vê entregue à musica eletrónica que, admite, até nem fazia parte da sua playlist. Fará seguramente do próximo ST Culterra e, acredita-se, com fortes apelos à dança.
TEXTO: JOSÉ ALVES DE CARVALHO 
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